quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

14.02.2017

Num instante, passou 1 ano desde que te conhecemos, pequeno S.
Como hoje também é dia de recordar, deixo aqui alguns excertos do relato do dia do teu nascimento.

"Dia dos Namorados e, a partir de agora, o TEU DIA, meu amor pequenino! ❤️❤️❤️

Acordei por volta das 3 e meia, estava ansiosa com o que iria acontecer na maternidade. Sempre a achar que devia estar "atrasado" e que mais valia a Dra não fazer nada e deixar evoluir naturalmente. Estive de volta dos meus pensamentos até por volta das 5 quando fui beber um chá... Voltei para o quarto com uma moinha na zona das costas, mas nada de especial. Se calhar era só impressão minha.
Às 7 fui ao wc e ao voltar para a cama comecei a sentir contrações leves nas costas com intervalos de mais ou menos 10 min. Não doía nada de especial e deixei-me ficar na cama...
Entretanto, as contrações começaram a doer um bocadito mais, embora toleráveis com a respiração, contudo com intervalos de uns 5 min. Não estava a contar, mas pareceram-me muito seguidas. Levantei-me e fui tomar o pequeno almoço. Nem pensar sair de casa sem tomar o pequeno-almoço, imaginando que ia estar n horas sem comer!...
As contrações estavam realmente seguidas, por isso pedi ao papá para se despachar. Estava mesmo em trabalho de parto! Vim para cima vestir-me. Só me sentia bem baixada de cócoras, a respirar fundo. A meio de uma contração, eram umas 7:55 sentir rebentar a bolsa de águas. Tipo bolha. Felizmente não molhei a roupa que me tinha custado tanto vestir 😅

Pedi ao papá para antes de sairmos de casa, tirarmos a foto das 39 semanas, já que seria a última da gravidez. E desta vez, gostava que ele também aparecesse 😍
Mas já não havia grande tempo para isso, as contrações estavam a começar a apertar e os intervalos cada vez mais curtos.

Seguimos para a maternidade, estava bastante trânsito e reparei que as contrações vinham com intervalos de 3/4 min. Não me sentia nada bem sentada no carro, mas lá fui respirando e nos intervalos sorria para o papá saber que eu estava bem e ainda mandei mensagens à tia Sofia e à Julieta a contar o que estava a acontecer.
O papá foi sempre nas calmas a cumprir as normas do trânsito, apesar de me apetecer que ele ligasse os 4 piscas e toca a despachar dali para fora.

Chegámos à maternidade eram quase 9:30. O papá foi estacionar. Eu pedi à administrativa para me inscrever na urgência e disse-lhe logo que estava em TP. Passado muito pouco tempo, a Lenita veio ter comigo e disse-me para entrar. Fui para a parte da Ginecologia. A Lenita ficou admirada com a minha maneira de lidar com as contrações - preferia sempre pôr-me de cócoras ou joelhos no chão para respirar melhor. Quando a Dr Inês chegou ficou surpreendida por eu já estar assim... Ela achava apenas que eu tinha vindo à urgência nas calmas, conforme ela me pediu.
Observou-me e tinha apenas 1 cm de dilatação. Grrr
Fiquei frustrada ao ouvir isto... Mas ela acrescentou que lhe parecia que ia evoluir rápido.

O papá chegou e eu chamei-o para vir ter comigo. Como as contrações se mantinham seguidas, fui para o internamento. A Lena perguntou-me se queria ir de cadeira de rodas e eu respondi "não, ainda me atrasas o TP!". A Dra ficou toda contente de ouvir a minha resposta :)
Chegámos lá acima e estavam a limpar o quarto do pré-parto, por isso eu e outra senhora que estava na urgência fomos para um quarto com duas grávidas de pouco tempo. O papá tinha ido buscar as malas ao carro. E eu, naquele quarto apertado, só me sentia bem na bola de pilates.

Quem nos recebeu foi a Cátia, admirada de eu estar grávida. Passou por mim no corredor, a Dra Adelaide que me perguntou o porquê de eu ter vindo parir na MBB, respondi-lhe "então assim posso fazer o pele a pele" :)
Na altura conseguia sorrir nos intervalos. Estava feliz por estar quase a conhecer-te e sentia que conseguia controlar bem a dor.

O papá ligou-me a dizer que ninguém o atendia na urgência por causa das malas. Acabei por ir eu de escadas ter com ele para o deixar entrar. Tudo para ver se acelerava o parto e não estar no quarto...
Do meu lado esquerdo no quarto, estava uma senhora muito chata, sempre a tentar falar para mim, mas eu nem lhe conseguia responder, estive tão pouco tempo lá no quarto, mas já não a podia ouvir, distraía-me da respiração.
Troquei a roupa que trazia por uma camisa de dormir na casa de banho, onde senti várias contrações seguidas.

Voltei para o quarto e a Cátia queria-me pôr o registo, mas eu não me sentia nada bem deitada, precisava de me mexer! Ela viu que eu estava aflita e decidiu observar-me antes do registo. Estava com 2,5cm de dilatação e com as dores que senti na marquesa, imagino que ela tenha dado "um jeitinho"... 😁 Ligou, logo a seguir para a sala a sugerir a minha transferência e analgesia epidural. A Dra Margarida ficou meio aparvalhada com a sugestão, até porque não sabia que Daniela ela se estava a referir, mas estava bem disposta e fartou-se de brincar com a situação ;)

Entrei na sala pelo meu próprio pé. Estava bem naquele instante. Não me lembro de ter visto o papá antes de ir para a sala, mas acho que sim porque ainda voltei para o quarto uns segundos... Na sala estava além da Dra Margarida, a Filipa Leite (fiquei tão contente de a ver! Imaginei logo que fosse ela a fazer o parto 😊), o TóZé e a Luísa.
Mal entramos no quarto 3 da sala de partos, tive uma contração forte e pus-me de cócoras com as mãos dadas. Eles acharam piada à minha reação e a Luísa tirou-me uma foto 🙈. Parecia que agora as contrações duravam uma eternidade a passar.
Entretanto, a Filipa pediu-me para deitar para colocar o registo. Eram 10:40 quando iniciou o registo. Antes disso, mal senti outra contração dei um salto na cama para me ajoelhar agarrada à cabeceira. Até se assustaram porque me mexi mesmo muito rápido! Nem eu sei como fiz aquilo 😅. A Luísa quis me tirar outra foto, mas pedi para não tirar.
Lá me controlei, obriguei-me a deitar. Vieram as minhas colegas Isabel Costa, Teresa e a nova colega Angela, com o carrinho da epidural. Antes de iniciarem a técnica apareceu a Susana com as mãos muito frias que me souberam tão bem... Estava com medo de me mexer durante a epidural, mas consegui controlar-me muito bem (acho eu!) e além disso, a Dra foi super rápida e não me magoou nadinha. Só ardeu a lidocaina. Fiz questão de dizer que não sabia como as sras se queixam tanto. Nem me lembro de sentir o choque...
Demorou um bocadinho a fazer efeito, mas ao fim de duas ou três contrações, senti a dor a aliviar e as pernas a ficarem dormentes.

O papá entrou, trazido pela Dra Margarida. Ri-me por ter a bata ao contrário ;). Dentro do possível, ao longo do tempo que estive na sala, fiz questão que ele soubesse que eu estava bem. Afinal estava feliz, era o teu dia, o dia em que finalmente te íamos conhecer cá fora! 😍

Ao longo da manhã tive várias visitas das minhas colegas, a Catarina, a Marta, a Susana, as colegas que estavam na sala de partos, a Cátia que voltou para ver como eu estava... Fui mandando mensagens pelo Messenger e telemóvel, a dar informações à tia Sofia, à Julieta, às primas de Trás os Montes e a várias amigas que já foram ou estão quase a ser mamãs.
Passado um pouco fui observada e já estava com 4cm. Fiquei aliviada por ver que, apesar da epidural estava a evoluir. De qualquer maneira, tinha ficado a perfusão desligada desde a colocação do cateter. Ligaram entretanto e a sensação de pernas demasiado dormentes começou a fazer-se sentir. Era muito estranho estar assim, sentia-me enorme e pensava muitas vezes se não estaria a atrasar o trabalho de parto... Pedi para baixar a perfusão, mas passado algum tempo comecei a sentir dor, à esquerda. Tive que levar reforço e aumentaram novamente a perfusão... 😬
Ainda tive esperança que o parto se desse até às 16h para ser a Filipa, mas não deu... A Sra da sala 1 foi para cesariana e na sala 2 entrou uma Sra pouco depois de mim que pariu por volta das 17h. Penso que seria a Sra que tinha entrado ao mesmo tempo que eu na urgência...
Apesar de estar ali à espera, deitada, sem comer, as horas foram-se passando e estava bem disposta. Ajudava a passar o tempo, as visitas das colegas do bloco (...) e poder usar a internet 🤓. Tentaram convencer o Amílcar que te íamos mudar o nome para Valentim e, pelos vistos ele acreditou 😜

Volta e meia lá vinha a dor à esquerda, do fundo da coluna para a anca. Já tinha a perna toda dormente mas só aliviava com os bólus. Parecia-me que seria da minha posição mantida ao fim de tantas horas... A dilatação foi evoluindo, 5/6 cm, depois 7/8cm, mas com apresentação direita posterior, o que me fazia pensar que seria preciso fazer um esforço maior para tu saíres. Fui fazendo previsões da hora, calculei que seria pelas 20h e qualquer coisa. 

Ao longo da tarde fui observada pela Dra Inês e pela Dra Tânia Ascensão. Da parte da tarde, estavam na Sala a Sandra Sobreiro, a Flor e a Cláudia Dias. Entrou uma senhora para o quarto 2 que pariu uns minutos depois. Depois desse parto, ficamos só nós na sala.

Recebi a visita da Regina que só se foi embora, depois da tia Tânia vir ter conosco ao fim da tarde. A Catarina também fez questão de nos fazer companhia quase uma hora depois do horário de saída, já que tinha tido uma urgência no bloco. A tia Tânia ficou sempre a acompanhar-nos até ao fim. Fez-me umas massagens de pressão nas costas que me aliviaram imenso a dor à esquerda. Foi super querida e não arredou pé nos momentos mais importantes. A tia Sara também esteve conosco desde o fim do dia até tu nasceres. Ouvir as conversas das minhas amigas ajudava a passar o tempo. 

Por volta das 20h estava com a dilatação quase completa e disse à tia Sofia que podia jantar nas calmas e vir, porque sabia que ia demorar um pouco mais a nascer. Quando a tia e a avó Fátima chegaram, tinha eu a começado a fazer força.

Ao início era meio estranho fazer força com as pernas dormentes, mas pedi à Cláudia para durante a observação me dar indicações sobre a maneira mais correta de puxar, de modo a que ela sentisse diferença. E lá fui fazendo força a ver se descias...

Fiz força durante uma hora mais ou menos, de lado, com a cabeceira elevada e um lençol a apoiar a perna de baixo, enquanto eu segurava a perna de cima. As minhas amigas, a tia Sofia e a avó estavam do lado de fora, no corredor, mas com a porta aberta e iam conversando. Tentei fazer força sentada e, pela primeira vez, tiveste uma desaceleração no registo e eu senti que estava com a tensão baixa. Passou rápido, mas a Sandra pediu às minhas amigas que ficassem do lado de fora, com a porta fechada e a partir daí estive concentrada na tarefa apenas com o papá ao pé de mim. A tia Tânia, ficou na sala de partos, pertinho da porta do quarto.

Ao fim dessa hora, fui observada novamente pela Dra Inês que me perguntou se eu queria continuar a fazer força ou se queria uma ajudinha. Respondi logo que preferia tentar mais um bocado. Não tinha dor nem estava cansada, por isso, porque não? Imaginei sempre que a ajuda fosse uma ventosa, e não havia naquele momento necessidade nenhuma de te sujeitar a isso...

A Sandra sugeriu que tentasse fazer força de cócoras. Experimentámos para ver se toleravas e como estava tudo ok, assim fiz, parecia um sapo, sentada a tentar empurrar-te cá para fora. 😊
Reparei que ao longo deste tempo em que fiz força, o teu registo foi sempre maravilhoso, nem um sinal de sofrimento ou aperto. Estavas cheio de energia, a curtir o trabalho de parto, como se nada fosse 😎

Tinha passado pouco tempo quando comecei a sentir dor ao fundo da coluna, sempre que vinha uma contração. Como me ia concentrando na força, era mais fácil de tolerar até que se foi tornando cada vez mais difícil... Disse ao papá que talvez tivesse que desistir de fazer força sozinha e teria que ser um parto instrumentado. Ainda assim, estive quase uma hora nesta posição até que a Dra Inês me observou novamente, insistiu mais um pouco com os puxes, a Florbela fez força em cima da minha barriga para testar de notavam diferenças e nada. "Vamos fazer cesariana".

"Cesariana?"

Nunca imaginei ouvir esta palavra e caiu em mim com um peso enorme... Comecei a chorar agarrada às mãos do papá, mal o deixaram entrar novamente na sala.

Não me apercebi praticamente dos preparativos para ir parto bloco. Só chorava e tentava acalmar-me com o apoio do papá. Não cheguei a ver a avó nem a tia antes de entrar para o bloco.
Fui transferida cheia de dores nas costas sempre que a contração apertava. Aqui não conseguia de todo controlar-me. Estava muito triste com o desfecho ao fim de 12 horas na sala de partos...

A tia Tânia equipou-se e entrou para o bloco. Ficou sempre junto a mim e ficou combinado que era ela que te ia receber e vestir.

Pedi para me preparem para fazer o contacto pele a pele. Nem deixaria eu que acontecesse de outra forma, já que tinha de ser cesariana...
Estava preocupada por causa disso, porque parecia que a epidural nunca mais fazia efeito. A Dra Inês e a Dra Ana Raquel iam preparando as coisas super depressa...
Eu só pensava que deviam esperar um bocadinho, não queria nada ter de levar propofol e não te ouvir chorar ou perder a oportunidade de te receber no meu colo.
Pedi à Tânia que me beliscasse a barriga e continuava a sentir um bocadinho de dor. A Dra Margarida fez o teste do álcool e eu senti a temperatura...
No entanto, quando pinçaram a barriga não tive dor e a cesariana começou. Sentia e sabia de cor e salteado tudo o que estavam a fazer.

Lembrei-me da prima Catarina que não tolerou estas sensações, mas a mim não me fez diferença, felizmente. Doeu talvez quando afastaram os músculos mas depois de mais um reforço da epidural, fiquei bem. Também fez impressão quando empurraram a minha barriga para tu saíres, mas foi muito rápido.

A Sara ficou de fora a fazer de elo de comunicação com a família. Assim eles estiveram sempre informados do estado das coisas e puderam entrar para a sala dos recém nascidos e ver-te segundos depois do nascimento.

A Claudia fez uma reportagem fotográfica espetacular! Eu nem percebi, mas ela entrou no bloco e captou a tua saída para o mundo.

💙 Nasceste assim às 22:15h do dia 14.02.2017, Simão, o meu amor pequenino grande! ❤️

Ouvi-te logo chorar.
A Tânia pegou em ti e mostrou-me a tua carinha. Achei-te bonito. Não me lembro se chorei, mas acho que sim, pelas fotos...
Senti-me estranha. Não foi de imediato que acreditei que era tua mãe e tu o meu filho. Mas ao mesmo tempo, tive a sensação de "finalmente estás cá fora!"

Ouvi risos do outro lado da porta. Estavam a comentar o tamanho da tua pilinha ☺️🙊

Uns minutitos depois, ouvi teu peso 3710 gramas! Ainda estava sentida, mas ao ouvir que eras tão grande, percebi que tinha sido o melhor para nós os dois...

Preparam-me para te receber e lá vieste tu, com a fralda, o gorro e as meias 😍
Deitaram-te de lado e tu sempre a chorar...
Falei para ti, dei-te beijinhos, mas demoravas a acalmar. E choravas com vigor!

A Cristina sugeriu que te pusesse a mamar, achei que era cedo, mas mal te viraram de barriga para baixo, de encontro com a minha, levantaste a cabecinha e abriste a boca para abocanhar a mama! Dei-te uma ajudinha e começaste a mamar, ao mesmo tempo que senti as tuas perninhas a gatinhar para te acomodares melhor à mama 😍
Senti um orgulho enorme de ti!
Parece que adivinhaste o meu papel na implementação do procedimento e não me deixaste ficar nada mal! 👏🏼💙

Estares comigo durante o resto do tempo da cesariana distraiu-me do resto. A Tânia voltou com a máquina e tirou umas fotos da tua primeira mamada. São recordações lindas para toda a nossa vida!❤️

No final da cesariana levaram-te para seres vestido pela Tânia com a ajuda da Isaura. A Cláudia continuou com as fotos. Fartaste-te de chorar! 😜

Ainda perguntei à Cristina se tinha muita gordurinha subcutânea e ela disse "nada, sequinha" 😎. A Carla estava de volta dos registos no computador e eu já me sentia bem para ir colaborando com a Cristina nas limpezas finais. Mas tinha as pernas dormentes e ia deixando cair a perna para fora da mesa 😅

Neste intervalo, foste ao colo do papá e da avó que estava super nervosa e sempre a dizer que tu tinhas fome, segundo contou a Sofia ;)

Ainda te trouxeram para a minha mama quando eu já estava pronta, mas vieram logo buscar-nos. Só à saída da sala vi novamente o papá a quem dei muitos beijinhos e a avó e a tia Sofia. Elas ainda subiram para o 3 piso mas foram logo embora. Tive pena porque queria saber a reação delas quando te viram...

Ficaste junto a mim a mamar e o papá também até perto da meia noite. Demos muitos beijinhos. Estávamos tão felizes de te ter aqui conosco! ❤️"




"(Nota: escrevi todo o relato do parto dia 25.02, contigo a dormir ao meu colinho, com a cabeça no meu peito, depois de teres mamado. Ficaste todo vermelhinho de estares tão quentinho e volta e meia choraste. Parecia que estavas a ter pesadelos ou a sentir comigo, as partes mais difíceis deste relato...
Amo-te muito meu bebé!)"