segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ai malhão, malhão, que vida é a minha?!


7º Trail Solidário para as Associações dos Animais A4 e AAAAV?!

Bora lá que os patudos precisam de ração!
Nunca tinha participado neste trail não competitivo que já se realiza há uma série de anos, apesar de ir contribuindo volta e meia com ração e donativos para a associação local.
Comecei a criar algumas expectativas de acordo com as fotos que iam publicando dos trilhos e conhecendo quem os estava a escolher...
Sem medo, há que inscrever nos 20km. É tudo ou nada, não é?

Não contava era levar a bela malha que levei!!!

Ora bem,
Treinar que é bom, tá quieto! Abaixo do mínimo na semana passada. Uma voltinha de bike, e, e...
Dia anterior super cansativo. Jantar pizza às 22:30 já a morrer de fome. Equipamento e afins por organizar.
Uma dorzinha incomodativa na coxa direita a lembrar-me para ter juízo e ir aos 10km. Está bem, está.
Saí de casa sem o GPS nem a minha água com magnésio (e a falta que ela me fez! Ou pelo menos do efeito placebo que ela tem :P)
A organização não forneceu dados sobre o percurso, altimetria nem nada dessas "niquices". Pra quê?
E eu esqueci-me de equacionar o facto dos trilhos terem sido escolhidos pelo raio dum pókemon ultra runner, mais conhecido por Nuno... :D
Pelo menos fiquei satisfeita por ter 5 sacos grandes de ração para levar (aproveitei os meus anos para pedir ao pessoal e comprei mais dois ;)



Resultado,
Trilhos espetaculares!
Percurso muito bem escolhido e exigente o suficiente em termos de técnica e acumulado, dado ser uma zona "baixa".

Conhecia a maioria do percurso, afinal é onde temos treinado, mas tive o privilégio de passar a conhecer outras zonas aqui tão pertinho e reparar nas ligações muito bem pensadas.

Acabei por servir de "guia turístico" ao Américo (o senhor que está atrás de mim nesta foto) durante todo o percurso, mesmo para o final, quando já ia a meter nojo de tão morta e acabada que estava :P

O pedaço inicial era maioritariamente de estradão para dispersar e evitar engarrafamentos nos single tracks, exatamente como eu gosto.
De seguida entrávamos no mato com subidas e descidas mais técnicas.
Apesar de algumas (curtas) ligações por estrada, de um novo estradão ao sol que arrumou comigo e de termos passado num ponto de água antes da organização lá chegar (!), voltámos a entrar no mato, numa zona nova para mim, sempre muito interessante e corrível, se eu não estivesse a morrer, claro.

Afinal pela minha orientação, continuávamos (tenho de falar sempre no plural porque era eu e o meu amigo Américo ;) a afastar-nos da meta e além da parte física, psicologicamente já estava a ficar passada... Só pensava como é que já tinha corrido 42km no calor alentejanoMas tudo bem, não estava numa prova, há que encarar como treino e chegar ao fim.

Até que fomos passados por um rapaz que, ao contrário de nós levava GPS e nos disse que já íamos com 21km e que (já) havia água lá atrás na passagem da linha... Quê???!!!
"Vou apertar o pescoço ao Nuno!!!"

Bem, nada a fazer, siga que já não há de faltar muito. Digo eu!
O problema era a água... Estava imenso calor e eu já tinha acabado com a minha. Claro que não ficámos satisfeitos de termos passado por um ponto de água sem ela ter ainda chegado, ou até de já terem passado imensos kms ao calor desde o único abastecimento, mas lá está, era um trail solidário, não podíamos exigir muito a uma organização com tão poucos recursos. Mas pelo menos podiam ter avisado do acréscimo de kms, vá!
Já rezava por chuva, mas lá seguimos até que passámos no meio de um armazém abandonado onde tinham deixado umas benditas garrafas de água. Aleluia!


(bem mais satisfeita depois de beber água. Fotos do A.)

Deu para me animar para os últimos kms, apesar de continuar na dúvida quantos seriam...
Chegámos finalmente ao segundo abastecimento, já com +-23km e disseram-nos que se seguíssemos o trilho eram mais 3km.
Porra, tou farta de sofrer! Siga pela estrada que é mais perto e não matei ninguém. Afinal estávamos ali a feijões... Teve de ser e todos os que estavam no abastecimento nessa altura fizeram o mesmo.

Seguimos sempre a correr, ainda fizemos um pequenito desvio na parte final para voltar ao "trilho" e lá estavam a minha mãe e a minha irmã, que tinham ido à caminhada a aplaudir! Foi o melhor final ;)

Na meta o Nuno, a pedir desculpa pelos 7!!!km a mais... Ai rapaz, se o pessoal não estivesse tão cansado, tavas lixado!

E foi esta a história do malhão.
Prá semana há mais ;)



P.S. As fotos ficaram top, não acham? O rapaz tem jeito! ;)

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Em vez de rosa ou azul bebé...

... às vezes surge o negro. O outro lado da obstetrícia. Aquele que tento aceitar mas ao qual nunca me hei-de habituar.

Pode-se dizer que tenho tido sorte nos meus turnos. É que depois de mudar de serviço e passar a prestar cuidados imediatos aos recém-nascidos, regra geral, nascem bem ou então não me calha a mim essa função.
A verdade é que em mais de dois anos foi na semana passada a primeira vez que colaborei numa intubação traqueal.

Lembro-me bem do nome da mãe, de outros pormenores acerca da senhora e da cesariana em si e também que os pais ainda não tinham decidido o nome da miúda.

Nasceu antes do tempo e, soube hoje de manhã, morreu antes (?) do tempo.

Fiquei triste, pensei na mãe, no pai, na irmã mais velha... Mas o meu turno seguiu e não voltei ao assunto.

Na creche, reparei que a educadora do S. quase me pediu desculpa pelas coisinhas que tinham feito.
Só quando cheguei a casa percebi porque não consegui sorrir com as lembrancinhas do Dia da Mãe.

Tínhamos de escrever num papel que dizia "Ser mãe é..."

Estamos a pouco mais de um dia do Dia da Mãe, no meu serviço afixámos uns cartazes todos engraçados a desejar um dia feliz e preparámos umas lembranças para as parturientes, na tv o tema é super frequente, na creche também tinha umas pequenas surpresas, mas só me vem à ideia as mães de colo vazio...

Penso nesta mãe e em todas as outras que nunca o chegaram a ser biologicamente, ou que perderam os seus bebés antes ou depois de nascerem...
De todas as mães que amam para sempre, mas sem ter a quem dar esse amor.

Faz-me lembrar e agradecer muitas vezes pela sorte que tenho.
Ouvir a palavra "mamã", vê-lo a sorrir enquanto corre para mim, sentir os abracinhos fofos do meu pequenino, apreciar cada momento do seu crescimento e desenvolvimento, ensina-lo a ser melhor pessoa.



Ser mãe é ter motivos para sorrir e ser feliz todos os dias. É amar para sempre.
Foi o que escrevi no papelinho.


Um abraço apertado a todas as mamãs que amam a um céu de distância!