quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Nascer está a mudar

Há muito que não escrevo sobre a minha outra paixão, a saúde materna...
Já lá vão 4 anos que sou especialista nesta área, mas é um amor bem mais antigo.

Quando engravidei, decidi que não fazia sentido partilhar aqui os meus pensamentos e ideias sobre a maternidade. Não queria tornar isto um babyblog.

Mas desde que fui a uma formação sobre Parto Ativo com a inspiradora Janet Balaskas (fundadora do Active Birth Center em Londres) que renovei a minha motivação para defender, conforme posso, a bandeira do parto.
O mundo precisa de mais partos naturais, fisiológicos, ativos, não apenas pelo movimento físico, mas pelo papel ativo que a mulher/casal/bebé podem e devem assumir no seu parto/nascimento, sempre que tal é possível.

No meu dia-a-dia de trabalho (numa maternidade central) assisto diariamente à força esmagadora das políticas do nascimento.
Refiro-me a todas as normas, deveres, obrigações no parto institucionalizado que não respeitam a liberdade/autonomia/poder/capacidade da mulher/casal/bebé para parir/nascer.
São políticas que não oferecem opções naturais, pelo contrário, forçam a intervenções para minimizar o efeito de outras intervenções.
E, em muitos casos, não se regem por evidências científicas, mas apenas por tradição, porque "aqui' é assim...
Porque mesmo quando o risco é baixo, é sublinhado o medo e o risco do parto. Risco que é aumentado de sobremaneira pela interferência médicas e tecnológica.

Encontrei hoje este texto no facebook do "Badassmotherbirther" e fiz a minha tradução:

"Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se todas as mulheres:
- Percebessem que são elas que têm o poder
- Percebessem que elas e só elas dominam o seu corpo
- Não fossem ensinadas a ter medo do parto
- Lhes fosse perguntado se podiam ser tocadas em vez de forçadas
- Fossem ensinadas a acreditar no seu corpo e no parto

Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se o parto fosse considerado um evento natural da vida em vez de uma emergência


Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se tomassemos o parto como algo nosso

Não As políticas de nascimento deixarão de existir quando elas não tiverem mais poder sobre o TEU parto

Uma mulher confiante, tem opiniões e consegue parir segundo os seus termos é muito assustadora para as políticas do nascimento


As políticas do nascimento têm medo que TU acordes


Imagina se os papéis fossem invertidos e estas tivessem medo em vez de ti..."




Para terminar, só para esclarecer e não pensarem que estou doida:
Os avanços da tecnologia e da medicina são uma importante conquista. Felizmente temos fácil e rápido acesso às mesmas nos casos em que são realmente necessárias ou sempre que são necessárias.
Mas para tudo, deve haver peso, conta e medida, para que o benefício da sua utilização não se torne inferior ao prejuízo.
O parto é um acontecimento normal, natural, fisiológico, para o qual o corpo da mulher e do bebé estão preparados. A cultura é que nos fez esquecer isso...

Mas a cultura já está a mudar ;)


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