quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Nascer está a mudar

Há muito que não escrevo sobre a minha outra paixão, a saúde materna...
Já lá vão 4 anos que sou especialista nesta área, mas é um amor bem mais antigo.

Quando engravidei, decidi que não fazia sentido partilhar aqui os meus pensamentos e ideias sobre a maternidade. Não queria tornar isto um babyblog.

Mas desde que fui a uma formação sobre Parto Ativo com a inspiradora Janet Balaskas (fundadora do Active Birth Center em Londres) que renovei a minha motivação para defender, conforme posso, a bandeira do parto.
O mundo precisa de mais partos naturais, fisiológicos, ativos, não apenas pelo movimento físico, mas pelo papel ativo que a mulher/casal/bebé podem e devem assumir no seu parto/nascimento, sempre que tal é possível.

No meu dia-a-dia de trabalho (numa maternidade central) assisto diariamente à força esmagadora das políticas do nascimento.
Refiro-me a todas as normas, deveres, obrigações no parto institucionalizado que não respeitam a liberdade/autonomia/poder/capacidade da mulher/casal/bebé para parir/nascer.
São políticas que não oferecem opções naturais, pelo contrário, forçam a intervenções para minimizar o efeito de outras intervenções.
E, em muitos casos, não se regem por evidências científicas, mas apenas por tradição, porque "aqui' é assim...
Porque mesmo quando o risco é baixo, é sublinhado o medo e o risco do parto. Risco que é aumentado de sobremaneira pela interferência médicas e tecnológica.

Encontrei hoje este texto no facebook do "Badassmotherbirther" e fiz a minha tradução:

"Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se todas as mulheres:
- Percebessem que são elas que têm o poder
- Percebessem que elas e só elas dominam o seu corpo
- Não fossem ensinadas a ter medo do parto
- Lhes fosse perguntado se podiam ser tocadas em vez de forçadas
- Fossem ensinadas a acreditar no seu corpo e no parto

Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se o parto fosse considerado um evento natural da vida em vez de uma emergência


Imaginem o quanto as políticas de nascimento mudariam se tomassemos o parto como algo nosso

Não As políticas de nascimento deixarão de existir quando elas não tiverem mais poder sobre o TEU parto

Uma mulher confiante, tem opiniões e consegue parir segundo os seus termos é muito assustadora para as políticas do nascimento


As políticas do nascimento têm medo que TU acordes


Imagina se os papéis fossem invertidos e estas tivessem medo em vez de ti..."




Para terminar, só para esclarecer e não pensarem que estou doida:
Os avanços da tecnologia e da medicina são uma importante conquista. Felizmente temos fácil e rápido acesso às mesmas nos casos em que são realmente necessárias ou sempre que são necessárias.
Mas para tudo, deve haver peso, conta e medida, para que o benefício da sua utilização não se torne inferior ao prejuízo.
O parto é um acontecimento normal, natural, fisiológico, para o qual o corpo da mulher e do bebé estão preparados. A cultura é que nos fez esquecer isso...

Mas a cultura já está a mudar ;)


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Vadia Extreme Trail - Ou um parque de diversões

Já chega de preguiça, não?
Desde o início de Julho que não participava numa prova (então escrever aqui, ui ui, já mal me lembro...), o Vadia Extreme Trail foi a prova escolhida para o recomeço de época.
Mantendo a ideia de ir a provas novas (para mim) e com o requisito de serem perto de casa, fui vendo os vídeos promocionais que aumentaram mais a curiosidade pelos trilhos de Oliveira de Azeméis.

Fui às cegas, nada de ver com antecedência gráficos nem altimetrias, não me queria assustar, afinal os 20kms tinham de ser feitos desse por onde desse. Para não variar, com treinos reduzidos ao mínimo que a vida a mais não permite.

Ambiente agradável na partida, tudo descontraído no armazém/bar da Vadia (Cerveja Artesanal, a fábrica é em Ossela, O.Azeméis, para quem nunca ouviu falar). Os briefings das provas deviam ser sempre assim, ambiente acolhedor e sem grande música stressante a lembrar o que há-de vir ;)

Logo para começar, a primeira subida da prova, que só terminava com a milha Extreme, também competitiva, aos 3kms. Boa para dispersar o pessoal e com inclinação gradual que sempre deu para habituar (mais ou menos, vá) o ritmo cardíaco. Basicamente, como tinha o drone a filmar (lol) tentei manter a passada e ainda passei uns poucos.



Como resultou, mantive essa estratégia nas paredes que se seguiram e não foram assim tão poucas. Contar os passos e tentar manter o ritmo, em pé, com as mãos nos joelhos ou mesmo de gatas por cima de pedras rolantes...

A primeira descida fez-se bem, não era tão inclinada como esperava (aqui já ia a olhar para o gráfico no dorsal). Percebi foi que o medo de esmurrar os joelhos me impediu de ficar atrás da rapariga de verde que tinha passado na subida. A partir daí andei quase até ao fim a tentar apanhar-lhe as canelas nas subidas, mas as descidas eram ainda mais perigosas. Querias outro pódio? Esquece!

Após o primeiro abastecimento - aproveito para fazer uma ressalva positiva à organização: havia pontos de água em vários sítios, felizmente, bem mais que os necessários porque tivemos uma manhã fresca e os trilhos eram na grande maioria à sombra. Melhor impossível! - entrámos numa zona técnica. Lembrava um pouco os Abutres, inicialmente com o rio ao lado, imensas raízes e terra fofa e com levadas pelo meio. Continuamos junto ao rio até chegar a um moinho com uma queda de água.


(Olhó quadrícepe top! :P)

Aproveitei para parar e filmar um bocadinho. Não tinha pressa. A rapariga de verde nunca a ia a apanhar, a menos que lhe desse a marretada e não via mais nenhuma por perto, à excepção da senhora lá atrás que volta e meia mandava um grito (a primeira vez que ouvi assustei-me - croma! - depois percebi que só se estava a divertir)  :P

O trilho seguia por cima da queda de água e a partir daí continuavamos a subir o rio, a atravessar de um lado pro outro, pé na água ou por cima de pedras super escorregadias. Segui muito devagar.
Apesar de adorar estas paisagens tou sempre a imaginar quando é que escorrego e bato com a cabeça numa pedra, por isso fui seguindo tipo lesma.
A senhora dos gritos e os amigos passaram por mim como seria de esperar... ;)


(Como se vê pelos rabos no ar, as pedras estavam bem escorregadias...)

Passando as manilhas (da foto) entrámos numa levada de cimento por baixo da autoestrada. Deu para me divertir a correr por ali fora, já vinha em lentas há uns bons minutos...

Olhando para o gráfico faltava a outra metade de subidas e não tardou a inclinar, a começar perto da Pedra Má, um conjunto de pedragulhos de granito junto da autoestrada, bem adornados pela organização, com umas correntes de segurança.


Saindo dali entrámos  num  trilho corrível que acabou num curto estradão e ainda antes de começar a subida "Rolling Stones" consegui passar a senhora dos gritos (yeah!), siga de quatro a trepar a parede de pedras que eram, de facto, rolantes! Tive que escolher o caminho o mais longe possível do pessoal que ia à frente, como medo de levar com um calhau nas trombas :P
Segui por ali acima sempre a contar os passos para me concentrar. Antes de acabar a parede, consegui apanhar o João, meu colega de equipa.
Desta vez não precisei de grande tempo para recuperar o fôlego (tás lá Daniela!) e siga a correr por ali fora.

Contas feitas, faltavam duas subidas em serra para acabar a descer até à fábrica da Vadia.

Mas antes disso, passei por um elemento da organização que me avisou do perigo da descida seguinte, e não me enganou...
Era super inclinada e terreno solto, não havia grande forma de apoiar os pés. Mais uma vez a cabecinha começou a imaginar cenários do tipo, escorregar e ir por ali a baixo aos trambolhões ou esfolar os joelhos todos. Confesso, sou uma menina! E ainda tenho o joelho a meter nojo da queda que dei num trail em Março... Portanto, siga em versão lesma e venha a próxima subida "à morte" como descreveu o rapaz da organização ;)

Também não me enganou. Era mesmo a pique.
Um dois, um dois, sempre a tentar manter a passada, controlar a respiração e a recuperar tempo.

Parei no segundo abastecimento. Sabia que faltava pouco, mas não volto a passar fome nas provas. Paro em todos os abastecimentos e nos intervalos tou fã do gel.

Descida a abrir, uma corridinha mais ou menos em plano e a última subida. Nesta fase comecei a passar o pessoal dos 11kms. Na última subida ainda conseguiu passar uma menina com o dorsal dos 20 (not bad!) e umas senhoras, suponho que dos 11, que se vinham a empurrar por ali acima.
Acho que foi a primeira vez que me senti sempre bem em subidas. Cheguei ao cimo a sorrir e ainda corri para gozar com um rapaz que nos estava a filmar enquanto subia de costas. ;)

Descemos por onde tínhamos subido na fase inicial da prova e estava a prova feita.

Só passados uns minutos de passar a meta, soube que tinha demorado apenas mais meia hora que o A. e que tinha ficado em terceiro lugar do escalão! Pamba! Mais um pódio! E uma garrafa de cerveja ;)

Resumindo: prova dura q.b., equilibrada, ligações em estradão curtas, zona muito bonita e organização sem reprimendas. Basicamente um parque de diversões para adultos que gostam de correr monte acima, monte abaixo e com rio para refrescar os pézinhos.
Vale a pena.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Nelo Tri-Epic 2018

Passados uns anos e com alguns kms de treino de corrida nas pernas, aceitei o desafio de participar no TriChallenge, aquela que até agora foi a única prova que me fez desistir...

Como o desafio ainda mete o seu respeito (35kms BTT, 15kms Trail e 6kms canoa!!!), tenho-me preparado conforme posso para o superar. A ideia será sempre e "só", chegar ao fim (apesar de sonhar com um pouco mais, claro :P)

Ora, nada melhor para treinar para uma espécie de triatlo que outra prova semelhante (apenas com menos kms na parte da canoa - 3 em vez de 6kms), e igualmente com GPS como única forma de orientação. Sendo assim, rumámos a Barcelos no fim de semana passado, com os meus sogros para tomar conta do puto, para participar no Nelo Tri Epic, uma organização dos bem conhecidos Amigos da Montanha.
O melhor e que mais aliciava o André era a ideia de poder ganhar a prova à geral e levar como prémio a canoa Nelo 510 Cup (patrocínio super espetacular da Nelo!)...

De acordo com a lista de inscritos, eu era a única mulher a fazer a prova individual. As outras participantes iam às estafetas por modalidade. Apesar disso, e mesmo sem a companhia da minha amiga que fará dupla comigo no TriChallenge, estava decidida a ir e chegar ao fim. Mais um pódio "garantido" portanto ;)

Acabámos por ficar em Braga na véspera e ainda fomos dar uma voltinha às ruas do centro histórico depois de jantar, já que era o fim de semana do São João. Mesmo de noite estava imenso calor e previa-se um bom dia de praia no sábado...


À partida, o speaker com o seu sistema de som móvel tipo troley (achei piada à coluna com rodinhas :P) veio logo falar comigo, porque supostamente eu era a única mulher no arranque. Já estava com os nervos pré-prova, mas ainda deu para trautear a música do Anselmo Ralph :D
Acabei por saber, um pouco mais tarde, que havia outra senhora na prova individual, uma espanhola, sem GPS. Não me perguntem como fez a prova, mas acredito que tenha andado sempre colada ao grupo do fim.

Arrancámos uns minutinhos depois da hora prevista e o meu GPS vai abaixo passados uns segundos!!!
Pensei que estava tramada, mas depois de o desligar e voltar a ligar (velho truque de engenharia avançada LOL) ele voltou à vida e nunca mais falhou.
Siga, pela estrada, a ganhar velocidade para não ficar muito atrás. No entanto, percebi que nem era preciso esforçar-me muito, o pessoal parecia ir a medo, afinal ainda tínhamos muitos kms pela frente...

Já no trilho, consegui passar dois meninos (adoro passar gajos eheh) e fui andando bastante tempo sozinha, a um ritmo satisfatório para mim que não percebo nada de BTT, sempre a ver se não me enganava muito com a navegação.
Depois do km 20, comecei a ver dois rapazes à minha frente e meti na ideia que havia de os ultrapassar. Há que criar objetivos para motivar  :P
O problema foi que pouco depois começamos a subir a sério, pelo meio de calhaus de granito, à bela maneira da montanha dos Amigos.
Um pouco mais à frente, acabei por conseguir apanhar os rapazes e ultrapassá-los, toda contente. Mal eu sabia que iam ser a minha companhia e apoio no trail...

Mais ou menos aos 30kms comecei a ouvir rancho, estava no Minho, carago!
Tão bom sair do monte e perceber que já estamos perto da civilização :P
Estava quase a acabar a primeira etapa!
Tirando o calor e já ter um bocadinho de fome, estava bem disposta e pronta a seguir.
A verdade é que não havia um único abastecimento de sólidos em nenhuma das etapas, só na zona de transição. Estava à espera disso e supostamente precavida, mas um dos géis que levava deve ser saltado do bolso do equipamento...

Antes de chegar à zona de transição, cruzei-me com um atleta com dorsal de trail a correr, perdido, no percurso do BTT. Tinha a certeza que ele estava enganado, não havia ali coincidência dos tracks de GPS, por isso avisei-o para voltar para trás.

Na transição, confirmei com o meu sogro que a prova do André estava a correr bem, comi o que pude, certifiquei-me que levava os flaks cheios e geis e barritas para o que fosse preciso.

Custou bastante fazer a mudança das pernas do modo bicicleta, para modo corrida. Já estava imenso calor e eu que nem gosto muito de BTT, só me imaginava a fazer os 14,5kms de trail em cima da bike...

Lá segui em passo meio lento e encontrei o atleta-perdido (esqueci-me de lhe perguntar o nome!), já tinha feito 2km a mais. Seguimos a par num single track agradável  junto ao rio e ainda acompanhámos por um bocadinho dois atletas das estafetas, todos frescos.

O calor da hora de almoço era insuportável, mesmo à sombra não se sentia grande alívio... Quando aparecia uma subidita, parava logo de correr. Ia seguindo a passo, não dava para mais.

Fui seguindo sozinha e pelos 3/4km apanhei um grupo de rapazes da zona de Vila Real que também iam quase sempre a passo. Ainda brincaram comigo "Vais ao pódio, mas ainda tens de penar!"
Agradeci com o melhor sorriso amarelo que arranjei e lá fui andando com eles até que o trilho tornou-se mais plano e acabei por recomeçar a correr, devagarinho e eles ficaram para trás.

Pelos 5,5kms, tínhamos de atravessar uma estrada bastante movimentada. Estive ali uns minutos ao sol a tentar passar e já meio desorientada, vi uma paragem de autocarro do outro lado da estrada com um banco de madeira. Tinha MESMO de parar.
Sentei-me, e acabei por me deitar logo a seguir e pôr as pernas para o ar. Estava super quente e quase de certeza hipotensa.

O grupo de rapazes apareceu, perguntaram se precisava de ajuda, mas disse-lhes para seguirem. Na altura ainda acreditava que ia recuperar.
Tentei levantar-me duas ou três vezes mas estava muito zonza...
Ia ter de desistir... Caramba, logo no início do trail!!

Quando estava a ponderar se esperava mais um pouco ou ligava para a organização, apareceu um casal de carro a oferecem-me água. Lembraram-se de vir dar apoio só porque sim. Como disse o rapaz "eu também faço trails e sei como é levar a marretada"

Entretanto, apareceram os dois rapazes que eu tinha ultrapassado no BTT, o João de Famalicão e o Miguel de Rio Tinto. Continuaram a partir daí sempre comigo.

Só me comecei a sentir melhor depois de me molharem as pernas e braços. Estava mesmo quente e sem aquela preciosa ajuda não tinha conseguido continuar.

O casal ofereceu-nos água, cola, bananas, melancia. Tinham tudo! Sem outras palavras, simplesmente fantásticos!
Já estava bem melhor quando apareceu uma carrinha da organização. Estavam uns metros à frente e o grupo de Vila Real tinha-os avisado que eu não me estava a sentir bem ;)

Com a recuperação possível, agradecemos imenso ao casal e lá segui na companhia dos meus novos amigos.

Desde esse momento, sempre que havia pontos de controlo com água, fazia questão de me molhar toda e  encher os sacos, sempre a sonhar com um mergulho no rio quando fosse a parte da canoa.

Apanhámos o grupo de Trás os Montes no ponto de controlo seguinte. Um deles estava muito em baixo, o Daniel, lembrava como eu estava há uns minutos atrás. Molhei-lhe as pernas e dei-lhe algum ânimo mas sabia que, felizmente, ele tinha companhia e eu tinha que seguir enquanto podia.

Depois de subir um bom bocado e nos debatermos com o track do GPS (se estivesse sozinha tinha-me perdido muito mais vezes...), finalmente chegámos ao marco geodésico, o pico mais alto do trail (onde me lembrava de ter passado no primeiro trail em que fiz na minha vida!). A partir daí era "só" descer até Barcelos. Foi a parte mais rápida e divertida. A saltitar pelo meio das rochas de granito.
Quase no fim da descida da montanha, acabámos por apanhar novamente o atleta-perdido. Já ia com quase 19km!!! Que pontaria pro engano :P

Nos últimos kms do trail, fui tentando correr mas a falta de sombra à chegada à cidade, estava outra vez a dar cabo de mim.
Passámos pelo riacho que nos tinham dito que existia, mas o muro para sair de lá era demasiado alto para eu conseguir trepar... Siga, ao calor...
Já em Barcelos, os meus companheiros começaram a correr e eu fui andando conforme podia, a tentar estar à sombra tanto quanto era possível.

Em 14,5km de trail devo ter feito mais de metade a andar. Nunca me tinha acontecido.
Lembrei-me imensas vezes do TSM debaixo dos 40 graus de Portalegre. Foi demais. Mas o que interessava era chegar ao fim.

Perto da zona de transição, vejo o André já sem o equipamento. Estava contente por só faltar a parte da canoa, mas ao mesmo tempo, completamente estourada! Nem me lembrei de lhe perguntar como tinha corrido a prova e em que lugar ficou.
Só lhe pedia água, cola, bananas... :P

Enchi duas garrafas de água, enfiei-me dentro do colete, dei uma beijoca ao meu pequenito que estava todo sorridente na zona da meta e segui a passo para a zona de entrada no rio.
Ainda não conseguia voltar a correr.
Tinham-nos avisado que ainda ficava a uns 300m de distância e bem que custaram a fazer esses metros.
De qualquer maneira estava feliz, eram mais ou menos 14h. Ainda tinha uma hora para fazer a parte da canoa até ao suposto limite temporal da prova.

Quando cheguei ao rio, esqueci-me de dar o tão esperado mergulho. Tava mais preocupada em orientar-te com os pedais (nem sabia que existiam pedais na canoa! :P) e pagaias!

Lá fui andando aos esses até me orientar mais ou menos com aquilo e siga rio acima.
Do lado direito começo a ver um atleta na água. Tinha virado a canoa! Pensei "tou lixada, então isto vira?"
Uns metros à frente percebi que era o atleta-perdido. Só podia!! 

Decidi continuar porque se o tentasse ajudar caía à água também. Entretanto veio um barco a motor da organização ajudá-lo a virar a canoa.

Do outro lado do rio, já vinham em sentido contrário os meus companheiros do trail. Todos contentes e a dar-me força para continuar.

Só nesta altura apareceram algumas nuvenzitas no céu e vento para ajudar a refrescar. Já me sentia outra. Só faltavam um bocadinho de nada para acabar!

Antes de chegar à bóia, ainda me atrapalhei com as algas que prendiam o leme, mas um senhor da organização que estava de canoa, veio-me dar um empurrãozinho.

Já no sentido da corrente, fui aumentando o ritmo.
Passei pelo Daniel (aquele que estava a morrer no trail como eu) e fizemos uma festa! Pensei que ele tinha desistido, mas lá vinha ele com o resto da malta de Vila Real.

Fui o mais rápido que consegui até à margem e depois de ter calçado as sapatilhas, bota a correr pelo trilho fora até às meta! Já não parei. Estava fresca e cheia de energia. Nem parecia a mesma.



Ainda deu para mandar um salto ao cruzar a meta :D

O pessoal da organização veio ter comigo a dar os parabéns. Já disse que eles foram todos super simpáticos? Acho que não, mas digo agora: impecáveis!

"Parabéns, e ainda tens direito a uma canoa!"
"O quê?!?"

Só aí fiz o clic: o André tinha ganho a prova! Uhuuuu!!!
A canoa é nossa!!!
E vai ser em rosinha-choque, como eu pedi... 😊


Antes da entrega dos prémios, já passava das 15h, vimos chegar do trail um grupo grande onde estava a outra mulher em prova individual.
A organização fez questão de esperar para ver se ela acabava a prova e ia ao pódio comigo, mas demorou bastante a ir para a canoa e lá fui eu (sozinha) mais uma vez ao pódio:

1.º lugar femininos! Eheh


Depois deste relat
o super extenso (sorry not sorry!), só posso acrescentar:

Que prova espetacular!
Recomendo! Sem dúvida alguma.

Organização 5 estrelas, super simpáticos, trilhos bem escolhidos e com técnica q.b. dada a dimensão da prova, pontos de controlo bem espalhados pelo trilho. Melhor só mesmo com um posto com comida a meio do BTT.



segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ai malhão, malhão, que vida é a minha?!


7º Trail Solidário para as Associações dos Animais A4 e AAAAV?!

Bora lá que os patudos precisam de ração!
Nunca tinha participado neste trail não competitivo que já se realiza há uma série de anos, apesar de ir contribuindo volta e meia com ração e donativos para a associação local.
Comecei a criar algumas expectativas de acordo com as fotos que iam publicando dos trilhos e conhecendo quem os estava a escolher...
Sem medo, há que inscrever nos 20km. É tudo ou nada, não é?

Não contava era levar a bela malha que levei!!!

Ora bem,
Treinar que é bom, tá quieto! Abaixo do mínimo na semana passada. Uma voltinha de bike, e, e...
Dia anterior super cansativo. Jantar pizza às 22:30 já a morrer de fome. Equipamento e afins por organizar.
Uma dorzinha incomodativa na coxa direita a lembrar-me para ter juízo e ir aos 10km. Está bem, está.
Saí de casa sem o GPS nem a minha água com magnésio (e a falta que ela me fez! Ou pelo menos do efeito placebo que ela tem :P)
A organização não forneceu dados sobre o percurso, altimetria nem nada dessas "niquices". Pra quê?
E eu esqueci-me de equacionar o facto dos trilhos terem sido escolhidos pelo raio dum pókemon ultra runner, mais conhecido por Nuno... :D
Pelo menos fiquei satisfeita por ter 5 sacos grandes de ração para levar (aproveitei os meus anos para pedir ao pessoal e comprei mais dois ;)



Resultado,
Trilhos espetaculares!
Percurso muito bem escolhido e exigente o suficiente em termos de técnica e acumulado, dado ser uma zona "baixa".

Conhecia a maioria do percurso, afinal é onde temos treinado, mas tive o privilégio de passar a conhecer outras zonas aqui tão pertinho e reparar nas ligações muito bem pensadas.

Acabei por servir de "guia turístico" ao Américo (o senhor que está atrás de mim nesta foto) durante todo o percurso, mesmo para o final, quando já ia a meter nojo de tão morta e acabada que estava :P

O pedaço inicial era maioritariamente de estradão para dispersar e evitar engarrafamentos nos single tracks, exatamente como eu gosto.
De seguida entrávamos no mato com subidas e descidas mais técnicas.
Apesar de algumas (curtas) ligações por estrada, de um novo estradão ao sol que arrumou comigo e de termos passado num ponto de água antes da organização lá chegar (!), voltámos a entrar no mato, numa zona nova para mim, sempre muito interessante e corrível, se eu não estivesse a morrer, claro.

Afinal pela minha orientação, continuávamos (tenho de falar sempre no plural porque era eu e o meu amigo Américo ;) a afastar-nos da meta e além da parte física, psicologicamente já estava a ficar passada... Só pensava como é que já tinha corrido 42km no calor alentejanoMas tudo bem, não estava numa prova, há que encarar como treino e chegar ao fim.

Até que fomos passados por um rapaz que, ao contrário de nós levava GPS e nos disse que já íamos com 21km e que (já) havia água lá atrás na passagem da linha... Quê???!!!
"Vou apertar o pescoço ao Nuno!!!"

Bem, nada a fazer, siga que já não há de faltar muito. Digo eu!
O problema era a água... Estava imenso calor e eu já tinha acabado com a minha. Claro que não ficámos satisfeitos de termos passado por um ponto de água sem ela ter ainda chegado, ou até de já terem passado imensos kms ao calor desde o único abastecimento, mas lá está, era um trail solidário, não podíamos exigir muito a uma organização com tão poucos recursos. Mas pelo menos podiam ter avisado do acréscimo de kms, vá!
Já rezava por chuva, mas lá seguimos até que passámos no meio de um armazém abandonado onde tinham deixado umas benditas garrafas de água. Aleluia!


(bem mais satisfeita depois de beber água. Fotos do A.)

Deu para me animar para os últimos kms, apesar de continuar na dúvida quantos seriam...
Chegámos finalmente ao segundo abastecimento, já com +-23km e disseram-nos que se seguíssemos o trilho eram mais 3km.
Porra, tou farta de sofrer! Siga pela estrada que é mais perto e não matei ninguém. Afinal estávamos ali a feijões... Teve de ser e todos os que estavam no abastecimento nessa altura fizeram o mesmo.

Seguimos sempre a correr, ainda fizemos um pequenito desvio na parte final para voltar ao "trilho" e lá estavam a minha mãe e a minha irmã, que tinham ido à caminhada a aplaudir! Foi o melhor final ;)

Na meta o Nuno, a pedir desculpa pelos 7!!!km a mais... Ai rapaz, se o pessoal não estivesse tão cansado, tavas lixado!

E foi esta a história do malhão.
Prá semana há mais ;)



P.S. As fotos ficaram top, não acham? O rapaz tem jeito! ;)

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Em vez de rosa ou azul bebé...

... às vezes surge o negro. O outro lado da obstetrícia. Aquele que tento aceitar mas ao qual nunca me hei-de habituar.

Pode-se dizer que tenho tido sorte nos meus turnos. É que depois de mudar de serviço e passar a prestar cuidados imediatos aos recém-nascidos, regra geral, nascem bem ou então não me calha a mim essa função.
A verdade é que em mais de dois anos foi na semana passada a primeira vez que colaborei numa intubação traqueal.

Lembro-me bem do nome da mãe, de outros pormenores acerca da senhora e da cesariana em si e também que os pais ainda não tinham decidido o nome da miúda.

Nasceu antes do tempo e, soube hoje de manhã, morreu antes (?) do tempo.

Fiquei triste, pensei na mãe, no pai, na irmã mais velha... Mas o meu turno seguiu e não voltei ao assunto.

Na creche, reparei que a educadora do S. quase me pediu desculpa pelas coisinhas que tinham feito.
Só quando cheguei a casa percebi porque não consegui sorrir com as lembrancinhas do Dia da Mãe.

Tínhamos de escrever num papel que dizia "Ser mãe é..."

Estamos a pouco mais de um dia do Dia da Mãe, no meu serviço afixámos uns cartazes todos engraçados a desejar um dia feliz e preparámos umas lembranças para as parturientes, na tv o tema é super frequente, na creche também tinha umas pequenas surpresas, mas só me vem à ideia as mães de colo vazio...

Penso nesta mãe e em todas as outras que nunca o chegaram a ser biologicamente, ou que perderam os seus bebés antes ou depois de nascerem...
De todas as mães que amam para sempre, mas sem ter a quem dar esse amor.

Faz-me lembrar e agradecer muitas vezes pela sorte que tenho.
Ouvir a palavra "mamã", vê-lo a sorrir enquanto corre para mim, sentir os abracinhos fofos do meu pequenino, apreciar cada momento do seu crescimento e desenvolvimento, ensina-lo a ser melhor pessoa.



Ser mãe é ter motivos para sorrir e ser feliz todos os dias. É amar para sempre.
Foi o que escrevi no papelinho.


Um abraço apertado a todas as mamãs que amam a um céu de distância!

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Uma meia, ainda é uma meia...


E não um São Silvestrezinho com 10kms para esticar as pernas...

Bocas para quem fez a prova em estafetas (11+10, meninos!!! :P) à parte, já vos conto a minha primeira experiência em provas de estrada.

Quase em cima da hora, ainda convenci o A. a participar também na Meia Maratona da Ria Aveiro.
O S. ficou com os avós que, por muito que eu publicitasse o evento, não foram grande claque... :S
Só os vimos no fim, depois de uma chamada para os localizar e, claro está, que nem sequer ao pé da meta estavam, mas uns bons metros à frente (ainda não foi desta que tive oportunidade de passar a meta com o puto ao colo como nos filmes, enfim :P)

Pelas pouquíssimas informações disponibilizadas na página do FB e regulamento escrito às 3 pancadas percebi que a organização era pró simplex e assim se confirmou.

Quando chegamos havia mais massagistas que atletas. Se calhar fomos muito cedo... Mas na via das dúvidas, há que dar tempo para levantar kits, preparar o chip, empurrar um snickers e ir 3 vezes fazer xixi :D
Afinal tinha de aproveitar o WC limpo e livre, coisa rara as provas de trail. É só mulherio!

Na partida, ainda estavam umas 200/300 pessoas. Not bad!
Supostamente íamos ter uns corredores com balões de marca-tempo (voaram todos! ;) para nos guiar ao longo da prova. Ok, vamos lá ver se consigo ficar à frente do balão da 1:50h...

O percurso era quase todo conhecido por mim, e porreiro. Só estava com receio do calor. Mas como há vários pontos de água, tá-se bem. Ou não...

Achei eu que ía haver mais gente na rua a ver-nos passar mas ainda tavam a dormir para aproveitar o feriado. Gente inteligente. Os poucos que estavam a ver, só estavam mesmo a ver, bater umas palminhas para puxar pelo pessoal tá quieto! Eu tentei, juro :P


Ainda assim, gostei de passar mesmo no centro de Aveiro e ver mais malta a aplaudir. Foi o suficiente para me animar e continuar a acreditar que afinal as provas de estrada têm imenso público como eu imaginava.

Fui seguindo a bom ritmo e aos 7 kms juntei-me a um grupo de homens e lá fomos conversando na medida do possível que sempre ajuda a passar o tempo (esqueci-me do mp3 e uma miúda tem de se distrair com qualquer coisa :P)


À boleia do grupo onde ia (malta fixe que faz trails) lá fui mantendo o ritmo, tentando esquecer que já íamos com 10kms ao sol e sem água e ainda passei umas meninas.

No ponto de água, peguei na garrafa e segui a tentar beber enquanto corria, mas não dava grande jeito e nem me sentia bem com a garrafa na mão, atira pro chão e siga.

Lá continuamos nós a 5:00/km e o sol a começar a aquecer numa reta sem fim à vista. Mas até me ia a sentir bem.
Até que aos 16kms nem com meio gel (não havia água perto para empurrar o gel todo) consegui manter o ritmo do grupo e deixei-os ir.

Ainda consegui passar mais algumas mulheres (cá para mim eram todas das estafetas) mas bastou baixar um bocadinho o ritmo para ser passada por outras tantas... Uma delas F50 (damm!)


Nos últimos kms, pelo menos não faltou a água. Lá meti a outra metade do gel já a sonhar com os abastecimentos recheados dos trails e a chegada à meta abaixo da 1:50h.

E com um boost extra de energia pela companhia do A. nos últimos metros, missão cumprida! 1:48h! Iupiii!!


Primeira meia maratona feita com direito a estreia também em virilhas assadas, tão bom! Grrrr

Resta comentar os banhos, ou melhor, a lavagem de paredes do balneário da escola secundária...
Já apanhei balneários repletos, água gelada, pouca água, mas água em fio a escorrer pela parede foi a primeira vez.
Valeu não haver lama para tirar e uma garrafita de água emprestada que sempre dava para encher e dar a sensação de limpeza...

Há que poupar água que é bem escasso.

Meias maratonas, a repetir?
Esta, duvido. Outra, logo se vê!

terça-feira, 10 de abril de 2018

Trail Bela Bela 2018




Num fim de semana super concorrido em provas de trail, apesar de termos curiosidade em conhecer o Zela Ultra Maratona, não podíamos deixar de ir à terceira edição do Trail Bela Bela aqui pertinho, em Belazaima do Chão (Águeda). Fico à espera que numa próxima edição, a data não coincida...

A zona de Belazaima tem tudo para trilhos fantásticos: montanha, água, rochas, (lama) e a organização conseguiu aproveitar todas as condições do terreno, melhoradas (ou com grau de dificuldade acrescido) pelo tempo dos últimos dias e fazer uma prova muito boa!

Apesar de já ter feito uns treinos por ali, sobretudo há uns 4/5 anitos quando me comecei a interessar pelo trail, e gostar e conhecer minimamente a zona, ainda não tinha tido oportunidade para participar no evento organizado pela equipa Bela Bela, que como o nome indica é dali mesmo, Belazaima.

Pra começar, como o A., optei cheia de força (not!) pela distância maior, 30km. Tudo ou nada! Desde que não ultrapasse os 40km penso sempre que me devo aguentar, nem que seja a rastejar...
Além desta distância, havia o trail de 16km, no qual participaram os restante elementos da equipa de trail à qual agora fazemos parte, a caminhada de 8km que ainda atraiu bastante pessoal.

Mas vamos lá ao meu relato da prova, tipo 42  :P

Uns dias antes, soube que bastava chegar ao fim para subir ao pódio. A questão era chegar. 30km e 1200+ de acumulado não é assim tão pouco e com os treinos super intensivos de 8/10km uma vez por semana não estava assim tão confiante. Mas, bora lá!

A partida dos 30 foi à hora certa, logo depois de um tiro de caçadeira ("estamos numa zona de caça" diz a speaker). Nos primeiros metros ia toda satisfeita por estar a acompanhar os homens que iam todos a gerir o esforço nos primeiros kms e ainda bem que assim fiz. Nunca mais vi a minha adversária SenF (afinal na partida já éramos só duas... :S).

Os primeiros kms foram bastante giros. Passamos por umas 10 vezes, as ribeiras pelo meio de florestas de carvalho, sempre em cima de pontes construídas propositadamente pela organização. Depois de provas como os Abutres e mesmo a de há duas semanas em que atravessamos o rio com água acima do joelho, não era algo a que estivesse habituada (e ainda bem que não me habituei que ainda tinha muito rio para correr! Mas já lá vamos...). Mas dou os parabéns à organização pelo cuidado e rigor na construção e garantias de segurança das pontes, algumas com rede no chão e tudo para não escorregar. Um luxo!  ;)

Antes do primeiro abastecimento, aos 6km, já ia em segundo lugar das mulheres, e primeiro SenF e assim me mantive até ao final.

Parei em todos os abastecimentos, mesmo neste logo ao início, para comer qualquer coisa e ainda usei um gel e uma barrita. Nada de repetir o erro de ficar com fome, parar para comer e ser passada por falta de energia.

Saindo do abastecimento, começou aos poucos a subida, passando primeiro por um túnel de uns 20 metros que apesar de cheio de água, estava espetacularmente bem iluminado com uma fita de led (mais uns pontos para a organização! ;) )
Do túnel, quase até ao abastecimento seguinte, continuavamos pelo riacho de pedras. Já lá tinha passado sem água. Como estava no domingo era bem mais giro, mas de progressão lenta.

Olhando para o gráfico, tinha a primeira subida a sério para fazer e ela não tardou em aparecer, começando com uma escalada super divertida pedregulhos acima, sempre com imensa água a escorrer montanha abaixo.
Gostei muito desta parte do percurso. Todas as subidas de montanha fossem assim. Mal damos pelo desnível positivo a acumular. Foi a cota parte de skyrunning do Bela Bela :P






Fotos do Zé

Novo abastecimento aos 12kms. Curta paragem que já tinha sido passada pelos primeiros dos 16kms e não me queria atrasar muito para poder fugir à chuva que se previa a valer a partir das 13h e siga a correr montanha abaixo. Sem medo, a gozar a aderência das sapatilhas novas e a tentar ganhar tempo.

Conhecia a zona que se seguia dos primeiros PR que fiz há quase um ano com o S. pequenito no marsúpio e tinha-me parecido pelo gráfico da altimetria que seria uma descida sem grandes invenções. Desta vez não me enganei...




A paisagem estava bastante diferente de Maio do ano passado, mais verde e com muito mais água. Aliás, água foi coisa que nunca faltou nesta prova, felizmente, só mesmo a chuva foi pouca. Seguimos por uma levada junto ao rio. Apanhei um rapaz que me tinha passado na subida anterior e fiz uns kms com companhia, para variar.
Ele deu uma queda pedras ao pé da água e logo uns metros depois também fiz questão de malhar no meio de uma rocha cheia de verdete para cima do meu braço direito. Fiquei com uma dor de cotovelo, mais siga, é vida! ;)

Entramos na aldeia para o abastecimento dos 20kms. Sentia-me bem, apesar de durida da queda, e tal como nos abastecimentos anteriores, parei para comer e fiz questão de me sentar uns segundos. Nunca mais tinha voltado a ver gente para trás por isso também não havia pressa. Voltamos a entrar no mato, atravessamos o rio algumas vezes (aqui já não havia pontes para ninguém) sempre à espera do início da derradeira subida, mas o trilho mandava-nos uma e outra vez para a água.

Até que a seguir a uma zona com inclinação mais acentuada e depois de uns pingos de chuva mais grossa, lá começou o maldito estradão em ziguezague montanha acima. Pelo menos não era em descampado como no Piódão. Tinha os eucaliptos para enganar e pensarmos que terminava já ali..
Ainda deu para uma selfie, depois de ter passado o meu companheiro dos últimos kms. :D


(Nota para mim: desistir de vez das selfies!)

Finalmente vejo a copa das árvores e o bendito marco geodésico. A subida tinha terminado! Ufa! Bota a correr por ali abaixo até ao abastecimento dos 25km. Olho mais uma vez para o dorsal, pelo gráfico depois são só 5kms praticamente sempre a descer, na boa. Tá no papo. Querias...

No abastecimento várias pessoas me dizem para ter cuidado. Que agora era perigoso... Mau, o que é que vem aí. Que se lixe, só faltam 5km mesmo!


(Cara de má... Devia tar ligeiramente frustrada)

Bastaram uns metros de corrida para ficar a saber. Seguia-se uma parede de rochas escarpadas aos S para descer, num piso cheio de poças de lama preta. As bicas de Aguadalte. "Ui, isto afinal vai demorar..."


(Como é óbvio não sou eu, mas ficam com uma ideia de onde passei ;)

Siga, monte abaixo a tentar correr o possível, mas com receio de nova queda, aqui bem mais perigosa.
Até que depois de um bocadinho de estradão em que já se via as casas lá em baixo, chego ao último posto de controlo, ao pé da água. Já fazia falta, não era?



Ora pois que o pessoal pensou em nós e não quis que chegássemos à meta com o pézinho sujo e toca de seguir rio abaixo durante uns talvez 500m. "Tá quase..."

Tirando a parte da água estar fria e já me estar a fazer doer as costas, tudo bem, nao caí e bastava pensar que já faltava mesmo pouco.


(Que pena não ter fotos desta parte, mas os fotógrafos não eram assim tão doidos :P)


Mais um bocado a correr, já a ouvir o microfone (como eu gosto de ouvir o barulho da meta mesmo sem a estar a ver!) e ainda consegui passar um grupinho da caminhada (deviam ser os últimos! :P).

E pumba, tá feito!


Melhor que o pódio, que em 5 mulheres não tem grande significado, foi chegar bem disposta, sem mazelas nem grandes dores. Nada a ver com a primeira deste ano...

Escrevi imenso, mas já agora reforço os parabéns à equipa do Bela Bela.
Fizeram um esforço enorme para organizar toda a logística das 3 distâncias, marcações sem repreensões, trilhos bem pensados, divertidos e desafiantes q.b., os abastecimentos bem distribuídos e com o suficiente, o almoço impecável e bem servido, os fotógrafos já nossos conhecidos (como as Fotos do Zé, Fotojotapê, o Carlos Coelho e outros) bem distribuídos por todo o percurso, inscrição a preço acessível para variar...

Diz que pro ano tenho direito a inscrição grátis. Se depender só de mim, já lá estou com ou sem essa oferta ;)

A seguir?
Ah pois, já estou a pensar na próxima.
A minha estreia em meia-maratona. A ver vamos ;)